sábado, 15 de maio de 2010

Tecnologia na Educação


Especialistas discutem uso de tecnologias para formação e capacitação
Por Lílian Burgardt

Quanto, como e por que investir em tecnologia na educação? Com estas provocações o diretor da FGV-SP (Fundação Getúlio Vargas), Fernando Souza Meirelles, deu início a sua palestra, na manhã de hoje, durante o Congresso Internacional e-learning Brasil 2007, em São Paulo. As provocações tinham como objetivo levar a comunidade envolvida com educação presente no evento, a pensar na forma como o processo de ensino/aprendizagem se transformou nos últimos anos e como ele ainda passará por novas mudanças, graças à influência da tecnologia.

Muito embora haja uma profunda movimentação em prol do uso de ferramentas inovadoras em sala de aula, o diretor da FGV apresentou uma pesquisa realizada pelo próprio instituto com os indicadores do uso de TI (Tecnologia da Informação) nas instituições de Ensino Superior no Brasil e no mundo para exemplificar o quanto ainda é preciso evoluir para que se ofereça educação de qualidade.
A pesquisa da FGV somou todos os investimentos destinados a TI e os dividiu pela receita das instituições. Das 80 instituições de Ensino Superior avaliadas, os investimentos em TI alcançaram o índice de 8,6%. As 300 instituições de Ensino Superior mais relevantes no mundo, somadas, chegaram a 10,8%. Para quem acha que este índice é expressivo, outro índice que mostra a falta de investimentos em tecnologia é de que, só no Brasil, as instituições financeiras investem 12% do seu faturamento. "É muito pouco em um cenário promissor", disse.
Segundo Meirelles, atenta a estes dados, a FGV vem se reinventando. Desde 2001, quando a instituição passou a investir em EAD e oferecê-la a seus alunos há um crescimento exponencial do interesse, inclusive por parte dos docentes, que se mostram interessados em aprender a lidar com novas tecnologias em sala de aula. O resultado desse investimento fez com que, nos últimos três anos, a universidade montasse uma comissão para refazer um de seus cursos de graduação, a fim de torná-lo ainda mais atraente para seus alunos. "Tínhamos qualidade, excelentes alunos, mas queríamos inovar e com o uso de tecnologias foi possível melhorar aquilo que já era muito bom", disse.
Cenário das tecnologias educacionais
Muitas das mudanças efetuadas no curso da FGV se deram por uma atenção especial ao perfil dos novos alunos das universidades. "Hoje, os jovens que ingressam na graduação são aqueles que foram alfabetizados na cultural digital, ou seja, os nativos digitais. E, para eles, a antiga proposta de educação não só não é interessante, como não funciona", afirmou.
Por isso, segundo Meirelles, antes de redesenhar o curso, foi preciso observar as diferenças entre os nativos e os imigrantes digitais (aqueles que não foram alfabetizados neste sistema). São elas:
Manuseio da informação
Imigrantes: a querem de forma lenta, controlada.
Nativos: precisam da informação rápida e multimídia.
O processo
Imigrantes: tarefa única e linear.
Nativos: múltiplas tarefas; perfil interdisciplinar.
Visão
Imigrantes: prioridade para o texto, som e imagem depois.
Nativos: querem tudo ao mesmo tempo.
Seqüência
Imigrantes: passo-a-passo; uma etapa após a outra.
Nativos: seqüência aleatória, multiplicidade de links.
Rede (networking)
Imigrantes: independente; sem interação.
Nativos: super interatividade.
"O tempo e a noção das ferramentas de interatividade são percebidas e utilizadas com completa discrepância entre imigrantes e nativos. Hoje, se você oferece um curso à distância com todas as ferramentas de interação possíveis, depois de meia hora do fim da classe, você receberá o link de uma comunidade paralela criada por seu aluno para discutir o tema. E mais, com a participação de outros alunos", diz.
Por essa mudança de perfil que Meirelles destaca a necessidade de reformulação nos modelos de educação e na adequação dos cursos on-line para um modelo cada vez mais interativo. Fora isso, ele lembra a necessidade de oferecer capacitação para que os professores estejam preparados neste novo modelo de ensino/aprendizagem.
O presidente do Virtual Educa, evento voltado para a discussão de novas tecnologias em sala de aula, Heitor Gurgulino de Souza, lembrou que novos modelos de educação são discutidos há mais de 30 anos no Brasil, quando o e-learning ainda engatinhava por aqui.
"Há 36 anos, quando ainda era reitor da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos), participei de um evento cujo tema era: ação e reação da academia frente às novas demandas da educação. Já naquele tempo discutíamos a necessidade de reforma da universidade. Isso mostra que o tema nunca vai deixar de existir. É preciso estar sempre atento aos novos desafios e promover mudanças em prol da educação", concluiu.

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